Cimentação de pinos intrarradiculares
Publicado em 21 de Dezembro de 2022
Sobre o autor
Rodrigo Fonseca é professor, clínico, opinion leader de grandes empresas do mercado odontológico, e criador do Método 5W para ensino online em Odontologia, beneficiando milhares de dentistas no mundo. Especialista em Prótese Dentária, Mestre em Reabilitação Oral e Doutor em Materiais Dentários. Professor Associado 3 na Universidade Federal de Goiás. Publicou mais de 80 trabalhos científicos, livros e ebooks. Na UFG, coordena o Laboratório de pesquisas em Biomecânica. Na 5W coordena toda produção de conteúdo para Odontologia, com foco em reabilitação oral direta e indireta, planejamento estético, clareamento e pinos intraradiculares.
1. PROBLEMAS QUE O CLÍNICO ENFRENTA
- Soltar pinos é um dos 3 maiores problemas em dentes tratados endodonticamente;
- O processo de cimentação é difícil dentro do canal pois o acesso visual é difícil e o acesso de instrumentos é limitado.
- Estudos mostram que a injeção de cimento dentro do canal é um dos passos decisivos embora inúmeros clínicos usem métodos que geram bolhas internas ou falta de homogeneidade do material cimentante
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2. PARÂMETROS PARA UMA CIMENTAÇÃO DE EXCELÊNCIA DE PINOS INTRARADICULARES
- Injeção intracanal do cimento sem bolhas;
- Manutenção do tempo de trabalho do cimento até que a cimentação seja concluída;
- Facilidade de execução e poucos passos;
- Uso de cimentos de qualidade reconhecida;
- Homogeneidade do cimento inserido no canal.
3. CUSTO-BENEFÍCIO DAS PONTAS DE AUTOMISTURA
Um dos grandes entraves que muitos clínicos pensam é que a ponta de automistura irá encarecer significativamente o seu trabalho e levar à perda excessiva de cimento. Em estudos que no Laboratório de Pesquisa em Biomecânica da UFG pude ver que temos um desperdício de cimento variando de 0,21g até 0,32g à depender da ponta de automistura usada. Este aumento de 52% de desperdício de cimento ocorre quando a tecnologia helicoidal de mistura dentro da ponta é usada. Já quando o sistema T-mixer é empregado pode-se economizar significativamente o gasto de cimento.
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Fig.2. Observe na foto da esquerda que as pontas com o sistema T-mixer (as duas do lado esquerdo da foto) tem menor comprimento, o que permitirá economia de gasto de cimento. Na imagem do lado direito perceba a quantid ade de espaços vazios na ponta do lado esquerdo (mola helicoidal) e a compactação dos espaços na ponta do lado direito (sistema T-mixer)
É fato que todas as pontas entregam melhor homogeneidade de cimento e isto representa qualidade da interface adesiva além de resistência maior do cimento. As pontas com o sistema T-mixer conseguem, além da evolução em economia de cimento, manter este alto grau de homogeneidade do produto misturado. Quando da cimentação de pinos, o uso das pontas com a haste endodôntica é importante para que o material seja injetado no interior do canal e promova a maior ausência de bolhas possível.
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Fig. 3. Todas estas pontas são indicadas para mistura de cimentos resinosos. Entretanto, as duas do lado esquerdo não são indicadas para uso em pinos pois terão dificuldade de injetar o material dentro do canal e o profissional terá dificuldade de uso clínico dentro da boca do paciente pois elas não se dobram. A ponta do meio é indicada para o uso de cimentos que reconstroem o núcleo de preenchimento (normalmente as empresas usam o nome “core”nestes materiais. As pontas do lado direito são as indicadas para cimento de pinos |
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Fig. 4 As pontas Colibri contam com o sistema T-mixer e são disponíveis em 3 diâmetros para que se adequem aos diâmetros dos canais radiculares (0,9; 1,1 e 1,4mm). Este tubo metálico pode rotacionar facilmente e pode também ser dobrado para facilitar o acesso intra-oral. |
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Fig. 5. Condição inicial do paciente após clareamento. Restaurações de resina insatisfatórias nos elementos 11 e 21 estão presentes, sendo apenas o 11 tratado endodonticamente. Estes dentes foram traumatizados por um acidente motociclístico e apresentavam substrato escurecido. |
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Fig. 6. Após a remoção da dentina escurecida no interior da câmara pulpar e avaliando os parâmetros oclusão, local do dente no arco, histórico prévio de trauma, quantidade/ qualidade de remanescente decidimos indicar o uso de um pino de fibra de vidro aumentando a retenção da restauração adesiva final. Foi um caso limítrofe entre indicar o uso ou não de pino, mas em conjunto com o paciente houve a decisão pelo seu uso. Todos os cuidados foram então feitos para preservar estrutura durante o preparo intracanal. |
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Fig. 7 Prova e corte do pino e posterior limpeza intracanal com pedra pomes e água. |